terça-feira, 10 de março de 2009

A liberdade é azul


Era um domingo ensolarado. Naquele dia, abriram o portão para viajar e o esqueceram aberto. Nem acreditei. Puxei a porta de ferro com a pata, espiei de leve, e ele estava mesmo lá: o vão para a felicidade.
Nunca me deixam sair na rua sem coleira. Será que é pelo fato de eu sair correndo e não ver os carros que insistem em andar na rua? Ou por eu finjir que nem sei meu nome quando consigo escapar?
Bom, ganhei o asfalto. Corri por tudo, dei tchauzinho para os vizinhos, apavorei os gatos alheios, comi os pães que jogam para os pombos, espantei todos da calçada, rolei com os cães da rua. Feijuca atrás de mim, como se deve fazer mesmo uma irmã mais nova.
Foi o melhor domingo que já tivemos, o mais livre. Mas acabou quando as pessoas de casa voltaram e não nos viram por lá. Foi um pânico. E se tivéssemos morrido? Atropeladas? E se tivessem nos levado para longe? Furtadas, atraídas por um bife? Af, um tumulto. Acharam-nos na cidade, enquanto eu cavoucava um terreno. Feijuca estava do meu lado, sentada, esperando que eu terminasse o buraco. Tomamos uma baita bronca. Mas voltamos felizes, cansadas, comemos e dormimos.

Um comentário:

Alexandre Freitas disse...

As vezes , essas crianças nos deixam desesperados . Mas olho pelo ponto de vista deles é uma delícia ...