segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Avon chama


Estava no parque quando ouvi alguém gritar: “Magali, Magali, aqui!”. Parei, olhei, pensei e olhei de novo. Mas não vi alguém que conhecesse. A voz do além foi chegando perto “Magali!”. Vi que saía de um cara, e na hora pulei nele. Ele se assustou e quase levei um chute. Magali, na verdade, era a tia do cara, que encontrava-se sentada próxima a nós.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Um pouco de mau humor


Estamos no meio daquela festa de peões famosa, em que o povo paga para ver bicho torturado. Enquanto bois e bezerros recém-desmamados sangram no brete e na arena, lá estão os boys, indiferentes, cerveja em punho, achando que abafam, para encher a cara e virar uma samambaia no final da noite. Do outro lado, as meninas. Garotas que, muitas vezes, não sabem distinguir pato de galinha vão para ouvir as cantadas mais imbecis e até para serem laçadas na rua. Pior, muitas se apaixonam pela samambaia bêbada que as pegou à força. Se fosse só isso, beleza, cada um sabe o laço que merece. Mas, alienados e indiferentes, agroboys e agrogirls pagam para que o boi sangre à toa. Mas o que eu entendo disso? Sou só uma cadela.
Agora, o ponto alto está na arena. Peões ignorantes e sem o mínimo respeito à vida amarram sedém no saco do boi, apertam até o bicho se revirar de dor, chutam para que ele pareça bravo, quando, no pasto, o máximo que faz é comer grama. Não o peão, o boi, embora os dois devessem morar no pasto. Antes de entrar na arena, a Globo os foca fazendo sinal da cruz. Um deles cai, me-re-ci-da-men-te pisoteado. Ponto pro touro.

Os organizadores de rodeio mentem, forjam laudos, inventam variadas desculpas. Teve um veterinário de Jaboticabal que, provavelmente bem-pago pela (milionária) máfia oraganizadora, soltou um laudo dizendo que os bichos pulam daquela forma pois sentem cócegas. CÓCEGAS! Foi processado e proibido pelo conselho de veterinária de exercer sua função.

Mas ainda tem muita festa, muito lombo de bicho para chicotear, muito garrote bebê desmamado para sangrar e muito rim, bexiga e saco de boi para serem socados e estrangulados por objetos de tortura. E dá-lhe espírito esportivo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Insônia


Nem mais dormir eu consigo. Sim, faz parte do ajuste de contas. Tudo o que fiz com os outros, agora a Feijuca faz comigo. Se estou roendo osso, ela morde minha orelha ou rabo. Se quero ficar tranqüila, ela pula por cima. Se quero dormir, ela não pára de fazer festa ou choramingar. Como essa cachorra choraminga. Até dormindo ela não me dá trégua. Outro dia, acordei com um pesadelo da Feijuca e, pior, tomei uma mordida no nariz quando fui checar o porquê do choro noturno.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A escolha de Magali

Sempre ouvi para tomar cuidado com o que se pede, pois você pode conseguir. Tanto implorei um lar pra Feijuca que apareceu. Dá-lhe São Roque. Só que agora estou atrapalhada. Em quem vou babar, quem vai me dar o focinho ou o pescoço para eu morder, quem vai me atormentar enquanto tento dormir? E pior de tudo, de quem vou roubar ração de bebê? Não sei o que fazer.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Santa paciência


Protetor dos cães, São Roque nasceu na França, em 1295. Na verdade seu nome era Rog (daí o povão chamar de Roque). Ele se tornou santo porque, embora de família rica, dedicou a vida ao cuidado de doentes que adquiriam peste negra. Por ironia, contraiu também a doença. Foi quando ele se refugiou em uma floresta, com medo de transmitir a outros. Reza a lenda que ele milagrosamente se curou e que só não morreu de fome porque um cão lhe trazia comida. Rezo todas as noites para São Roque: dai-me paciência com a Feijuca e arruma logo uma casa (legal) para essa cachorra. Amém.

PS. No canto do vídeo, estrelando, Cremilda, nossa franga de estimação