segunda-feira, 11 de maio de 2009

Trilogia da palmeira – Parte 1: A loucura


Gosto de comer folhas de palmeiras, mas agora tenho medo delas. Outro dia, a que mora lá em casa se revoltou. Foi justamente quando as pessoas que cuidam de mim viajaram. Durante a noite, enquanto dormia, ouvi um barulho de folhagens. Com sono, saí para ver quem incomodava, talvez fosse um gato que, flanando pelo muro, tivesse esbarrado nas folhas. Mas não, era a palmeira enfurecida. Ela começou a balangar pra lá e pra cá, como se dançasse, louca, mexendo a cabeleira de folhas. Quando me viu, intensificou ainda mais os movimentos. Enquanto mexia tudo, puxava com força os pés da terra, nesse momento, senti seu olhar de vingança. Feijuca e eu costumávamos puxar suas folhas para abocanhar, pois são muito saborosas. Naquela noite, a planta tinha se revoltado. Pronto, íamos levar uma surra da palmeira.
(continua...)

Trilogia da palmeira – Parte 2: A fúria


Feijuca também acordou. Latimos, tentando fazê-la assustar e voltar ao seu lugar, para dentro do canteiro, mas nada. Ela foi levantando a raiz com força, e, para nosso espanto, conseguiu sair. Colocou uma raiz para fora, espalhando terra para todo lado, depois outra e mais outra. Agigantou. Nesse momento, Feijuca e eu corremos para dentro da casinha, com medo do ataque. Já fora da terra, fitou-nos com ar de vitória e revanche, e então levantou os braços emaranhados de folhas e veio em nossa direção. Mas assim que as raízes saíram para fora e ela deu um passo, tropeçou. Apavorada, ainda tentou se agarrar em outros caules, mas foi ao chão. Muito perto da nossa casinha. A burra nem desconfiou que não conseguiria ficar de pé quando estivesse fora da terra. Ela estatelou lá, verde, agonizando até a morte.
(continua...)

Trilogia da palmeira – Parte 3: A execução final


Mesmo com medo dela, dava dó ver um caule de dois metros tão frágil, debatendo-se como um peixe vivo no cimento. No outro dia, quando as pessoas chegaram, grudei o galho sem vida para mostrar o que tinha acontecido, tinha que contar a aventura da palmeira enlouquecida. Mas as evidências estavam todas contra nós. Era terra para todo lado e folhas espalhadas pelo quintal. Acharam que Feijuca e eu botamos o caule chão abaixo. Apanhamos e fomos de castigo pra casinha. O caule, coitado, foi cortado em pedaços e colocado dentro de um saco preto, igual os de execução. Lati agoniada ao ver o esquartejamento do caule, uma palmeira que nos deu tantas folhas e que agora morreu solitária, vingativa e insana. Mas não adiantou, o saco preto foi embora, e nós ficamos sem comida o resto do dia, presas no castigo na casinha.
(The End)

domingo, 10 de maio de 2009

Descarga de estresse


Nunca fui das cãs mais corajosas. Eu finjo bem, lato forte, mas no fundo, se alguém correr atrás de mim, eu me escondo. Barulho também não é comigo. Outro dia teve um jogo de futebol que me deixou em pânico. As pessoas insistem em gastar dinheiro com rojão para celebrar felicidade. Ô coisa imbecil isso. Rojão é queima de dinheiro e me deixa em pânico. Tive um ataque de estresse, comecei com uma tremedeira, meu coração disparou e minha pernas mal me permitiam ficar sequer sentada. Depois do estresse, nem latir eu consegui, veio uma moleza irresistivel e fui para minha caminha, chateada.