quinta-feira, 12 de junho de 2008

Amores perros

Sou castrada. Nunca pude namorar, aliás, nem sei direito o significado dessa expressão. Mas nem por isso deixo de ter um amor. Tenho, e ele não é platônico nem escondido. Amo às claras. Não faço joguinho besta, não espero que me procure, quando, na verdade, a minha vontade é a de pular em cima. Se quero pular, eu pulo. Aí levo um NÃO e um pisão no pé.
Choro na porta por amor, sem vergonha. Também tomo bronca por ser chorona. Lá de dentro ouço um sonoro: “NÃO MAGA”. Nem me chateio. Mesmo com pisão na pata, tapa na bunda e os NÃAAAOS que ouço, lambo e babo por quem amo, literalmente. Outro dia, torci meu rabo por amor. Pulei tanto de alegria que caí sentada nele, acharam que eu tinha quebrado o rabo. Deram-me calmante e dorflex.
Amo tanto que, quando meu amor chega, logo entrego o que tiver de mais precioso. Se tenho um osso, corro e cavouco onde o escondi. Retiro a iguaria para levar de presente, toda cheia de alegria, o osso, todo cheio de terra. Também levo bronca. Duas broncas, aliás, por esburacar o jardim e porque sujei tudo. Não me importo, amo incondicionalmente. Acho que, como Vinícius, “hei de morrer de amar, mais do que pude”. E se não morrer, pelo menos engesso meu rabo.

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