
Fiquei matutando sobre a história da
Margot, aquela shitzu fofa de dois meses, que tem hidrocefalia. Os amigos que a compraram pagaram R$ 1.000 por ela, mas a cãzinha não tem garantia de vida porque está doente. Não seria o caso de devolver o dinheiro? Os criadores ainda tiveram a pachorra de cobrar mais R$ 200 pelo pedigree. Ué, mas quando você vende um cão COM pedigree, o tal registro não está incluso no preço? Lembro ainda que Margot, como todos os cães que vemos em gaiolinhas à venda, não veio castrada nem com o chip de identificação, conforme manda uma lei municipal de São Paulo, válida desde o ano passado.
Lembro também de quando eu estava na tal gaiolinha esperando uma casa. Minha mãe, com apenas quatro anos, já havia parido umas três vezes. Nós ficávamos todos amontoados, juntos de muitas outras crias, de cachorras que provavelmente só vieram ao mundo para parir e fazer dinheiro. Isso me faz pensar em quantas crias eu aguentaria ter. É essa a vida destinada à minha mãe, ter o útero esticado todos os anos, o corpo bombardeado de hormônios, as tetas lotadas de leite, depois de todo santo cio, somente para trazer grana para o criador?