
Estamos no meio daquela festa de peões famosa, em que o povo paga para ver bicho torturado. Enquanto bois e bezerros recém-desmamados sangram no brete e na arena, lá estão os boys, indiferentes, cerveja em punho, achando que abafam, para encher a cara e virar uma samambaia no final da noite. Do outro lado, as meninas. Garotas que, muitas vezes, não sabem distinguir pato de galinha vão para ouvir as cantadas mais imbecis e até para serem laçadas na rua. Pior, muitas se apaixonam pela samambaia bêbada que as pegou à força. Se fosse só isso, beleza, cada um sabe o laço que merece. Mas, alienados e indiferentes, agroboys e agrogirls pagam para que o boi sangre à toa. Mas o que eu entendo disso? Sou só uma cadela.
Agora, o ponto alto está na arena. Peões ignorantes e sem o mínimo respeito à vida amarram sedém no saco do boi, apertam até o bicho se revirar de dor, chutam para que ele pareça bravo, quando, no pasto, o máximo que faz é comer grama. Não o peão, o boi, embora os dois devessem morar no pasto. Antes de entrar na arena, a Globo os foca fazendo sinal da cruz. Um deles cai, me-re-ci-da-men-te pisoteado. Ponto pro touro.
Os organizadores de rodeio mentem, forjam laudos, inventam variadas desculpas. Teve um veterinário de Jaboticabal que, provavelmente bem-pago pela (milionária) máfia oraganizadora, soltou um laudo dizendo que os bichos pulam daquela forma pois sentem cócegas. CÓCEGAS! Foi processado e proibido pelo conselho de veterinária de exercer sua função.
Mas ainda tem muita festa, muito lombo de bicho para chicotear, muito garrote bebê desmamado para sangrar e muito rim, bexiga e saco de boi para serem socados e estrangulados por objetos de tortura. E dá-lhe espírito esportivo.